Este Blog foi criado pelo grupo de gestores do NES/FAAT, sob a coordenação do prof. Dr. João Luiz M. Höefel, com o objetivo de ampliar a divulgação do trabalho realizado de dar eco tanto às ações intervencionistas como às ações de pesquisa e demais eventos. Surgiu, também, pela necessidade de aproximar a comunidade da FAAT, de modo que todos possam interagir a partir do interesse comum pela pesquisa e por questões relacionadas a temática socioambiental.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
Possibilidade de Reaproveitamento Deliciosa
Você sabia que um dos lixos mais produzidos no sosso Campus é a casca de laranja?
Pois é! 200 quilos da fruta são comprados por mês para fazer nosso suco delicioso...
Mas e a casca, o que fazer com ela?
Inúmeras coisas.... biocombustível, usar na reciclagem do isopor, isso mesmo... Mas por enquanto esses são processos industriais bem caros...
A Empresa Jr, da FAAT, pensando na questão sustentável, resolveu reaproveitar esta casca, que não pode ser usada na compostagem e também não pode ser dada a nenhum tipo de animal, fazendo doce de casquinha de laranja.
E sabe que está dando muito certo??? todos que provaram gostaram.
A EJ está realizando testes e experimentações.... Logo você verá a Laranjinha para degustar nas cantinas da FAAT.
Para que você não fique curioso, segue uma foto do que a EJ está aprontando.... Aguardem!
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Projetos IC 2013
Alunos da FAAT, seguem os projetos para inscrição na IC 2013.
Pedimos que vejam o Edital completo, escolham a linha de pesquisa!
Inscrevam até o dia 31/05.
Pedimos que vejam o Edital completo, escolham a linha de pesquisa!
Inscrevam até o dia 31/05.
ProjetoS
(Relacionados em ordem de postagem)
|
Contribuições
da prática reflexiva para a formação inicial do professor de Matemática
Prof. Keli
Cristina Conti
|
A
importância do uso de jogos como recurso para ensinar Matemática a alunos dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Prof. Keli
Cristina Conti
|
A Sucessão
legítima e a inseminação artificial
Prof. Cristiano
Pereira M. Garcia
|
ALTERAÇÕES
SOCIOAMBIENTAIS E QUALIDADE DE VIDA NA APA CANTAREIRA: UM ESTUDO NO MUNICÍPIO
DE ATIBAIA/SP
Prof. João
Luiz de Moraes Hoeffel
|
Mudanças
ambientais globais, vulnerabilidade, risco e subjetividade: um estudo sobre o
Litoral Norte Paulista.
Prof. João
Luiz de Moraes Hoeffel
|
ENCHENTES
NO MUNICÍPIO DE ATIBAIA/SP – UMA ANÁLISE HISTÓRICA E SOCIOAMBIENTAL
Prof. João
Luiz de Moraes Hoeffel
|
ÁREA
DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) REPRESA BAIRRO DA USINA: EDUCAÇÃO E PERCEPÇÃO
AMBIENTAL ATIBAIA/SP
Prof. Micheli Kowalczuk Machado
|
CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO NA REGIÃO BRAGANTINA – SP- ATIBAIA/SP
Prof. Micheli
Kowalczuk Machado
|
Droga-dependência
na comunidade: uma parceria Universidade/Serviço Público
Prof. Rita
de Cássia Bergo
|
ATUALIZANDO
A PROBLEMÁTICA DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA À LUZ DA PSICANÁLISE
Prof. Cristiane
Nali
|
A
metáfora nas canções populares brasileiras das últimas cinco décadas.
Prof. Sonia
Mara Ruiz Brown
|
Responsabilidades Sustentáveis:
uma visão patrimonial nas empresas sobre o Passivo Ambiental.
Prof.
Luiz Roberto de Oliveira
|
Sustentabilidade empresarial:
uma ferramenta discursiva de marketing.
Prof.
Danielle Guglieri Lima
|
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Preparem-se! Os Congressos de IC vêm ai...
Visitem os sites e confiram!!!
Inscrições a partir de 03 de junho a 31 de julho de 2013.
Este ano será realizado o XXIII CIC, com o tema "Pesquisa, Desenvolvimento
e Responsabilidade Socioambiental". O Congresso terá sua abertura
oficial no dia 06 de Novembro, às 14hs, no Auditório Prof. Otto de Brito Guerra
(Reitoria UFRN), e atividades de apresentação de trabalhos nos dias 8 e 9 de
novembro, nas dependências da ECT (Escola de Ciência e Tecnologia-UFRN). O
encerramento e premiação dos melhores trabalhos expostos ocorrerá no dia 14/11,
no auditório da Reitoria, às 17hs.
4° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica
, de 21/08/2013 até 22/09/2013
13ª EDIÇÃO DO CONIC
Dia 08 de novembro de 2013.Inscrições abertas, de 10/07 a 16/09.
terça-feira, 14 de maio de 2013
Histórico do NES FAAT
NÚCLEO DE ESTUDOS EM SUSTENTABILIDADE
NES-FAAT
"Este documento foi redigido na gestão do Professor Orivaldo Leme"
1. APRESENTAÇÃO - CONSTITUIÇÃO DE UM NÚCLEO DE ESTUDOS EM
SUSTENTABILIDADE.
Questões
envolvendo o chamado “aquecimento global”, as várias formas de poluição, a
superpopulação mundial, a qualidade do ar, o consumo desenfreado e as várias políticas
de sustentabilidade são preocupações de âmbito mundial – e tais preocupações também
atingem a sociedade brasileira, em particular a cidade de Atibaia e a Região
Bragantina. As questões sobre o meio ambiente encontram forte ressonância entre
os professores e alunos das Faculdades Atibaia (FAAT) e colegas de outras
instituições de ensino e pesquisa.
Esta
convergência de interesses tem incentivado a formação de grupos de estudos e de
pesquisa voltados para o exame crítico da bibliografia, dos métodos de trabalho,
do levantamento de informações da região e dos objetos de pesquisa envolvendo questões
ambientais.
Antes de pensar-se na formação de um
Núcleo de Estudos em Sustentabilidade
(NES), foi organizado nesta instituição o Núcleo de Estudos e Serviços do Terceiro Setor (NESTS), a partir de
fevereiro de 2005, o qual atuou de maneira bastante intensa no curso de Comunicação,
sendo que o chamado Terceiro Setor funcionaria como ponto temático para os
laboratórios de jornalismo e publicidade.
O núcleo, portanto, pensava o Terceiro
Setor como um todo, uma vez que também compreendia as organizações sem fins
lucrativos da área ambiental. No desenvolvimento dos trabalhos do NESTS, as
preocupações com questões ambientais mostraram-se absolutamente essenciais para
os interesses de vários professores e alunos e, o Terceiro Setor tornou-se apenas
um dos temas procurados pelos pesquisadores, desta forma, interesses diversos em
termos de pesquisa sobre questões ambientais foram manifestados mediante a
formação de grupos de pesquisa, da iniciação científica da instituição e de artigos
pesquisados e publicados.
Tendo em vista o interesse
despertado, além dos excelentes resultados obtidos nos últimos anos, tanto no
NESTS, quanto nos demais trabalhos de pesquisa voltados à área ambiental, realizados
pela instituição, fez-se necessária a organização de um núcleo de estudos e pesquisas
especificas sobre sustentabilidade, o qual teve o NESTS como gerador imediato
das preocupações acadêmicas relacionadas com o meio ambiente.
2. NÚCLEO DE ESTUDOS E SERVIÇOS DO TERCEIRO
SETOR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para a construção do Núcleo de Estudos
e Serviços do Terceiro Setor (NESTS), a instituição partiu do pressuposto que o
chamado Terceiro Setor (ou setor sem fins lucrativos) tem crescido de maneira
significativa nas últimas três décadas em todos os sentidos (BARBOSA; OLIVEIRA,
2002, p. 11).
Tal crescimento abria espaços para
muitas indagações e dúvidas. De acordo com Orivaldo
Leme Biagi , a
[...] legislação brasileira sobre o tema é
relativamente recente e já passou por várias alterações no seu curto espaço de
tempo, classificando e definindo quais entidades merecem ser enquadradas como
sem fins lucrativos de interesse público ou, usando o termo mais atual, sem
fins econômicos (2006, p. 180).
Mas o Terceiro Setor ainda é um
conceito em construção (BROWN, 2006, p. 18) e as discussões continuam intensas,
em particular em relação à sua definição. De acordo com Marcos Bernardi,
[...] este debate é ainda mais acirrado por não tratar
apenas de questões terminológicas e/ou metodológicas, e sim por englobar
questões ideológicas de fundo, uma vez que o debate sobre o terceiro setor no
Brasil teve como eixo inicial as associações ligadas aos movimentos sociais,
grupos e partidos e, em segundo plano apenas, as instituições universitárias e
acadêmicas. Esse panorama tornou-se ainda mais complexo com a entrada na
‘arena’ das empresas e fundações e com a proposta governamental de regular o
setor, notadamente a partir do mandato de Fernando Henrique Cardoso. Assim,
ocorre uma reflexão a partir de pontos de vistas, uma certa ‘guerra de
posições’ na qual estão em jogo a identidade e o ‘poder sobre o setor’ (2006,
p. 42).
Mas as possibilidades de atuação
deste setor para a sociedade são infinitas, fornecendo capacidade para a
criação de redes de solidariedade e serviços sociais. De acordo com Paulo
Malvasi, de “muitas ações ‘solitárias’
pode-se construir uma poderosa rede solidária” (2006, p. 206).
A definição de Terceiro Setor do
Núcleo de Estudos e Serviços do Terceiro Setor (NESTS) da FAAT trabalha com a
idéia da existência de uma Organização Social Tripartite, formada pelos
respectivos setores: 1º) governamental - que procura dirigir o estado e as
políticas públicas; 2º) mercantil - que cuida da produção econômica como um
todo; 3º) associativo - que consiste em organizações e grupos para as mais
variadas funções sociais, quase sempre no “espaço” que os outros dois setores
não conseguem (ou não podem ou não querem) atuar. Neste caso, estas entidades
estariam ligadas ao setor associativo – Terceiro Setor, portanto.
Também foi sugerida uma nova divisão
das vertentes do Terceiro Setor, pensada dentro das discussões do Núcleo de
Estudos e Serviços do Terceiro Setor (NESTS) da FAAT, a saber: 1ª) causas
difusas: envolvidas em lutas por direitos sociais, equilíbrio planetário e
desenvolvimento sustentado; 2ª) promoção social: prestam serviços de acesso a
populações carentes e excluídas, bem como no acolhimento e proteção aos
animais; 3ª) benefício mútuo: prestam serviços a seus associados em termos de infraestrutura
para o exercício de atividades coletivas e defesas dos interesses próprios
(associações de bairro, clubes de cultura, sindicatos, etc.); 4ª) fomento:
constituídas para desenvolver e socializar conhecimento, promover aproximações
e disseminar experiências, financiar e orientar projetos, avaliar desempenhos,
arquitetar redes e intermediar fontes diversas de recursos.
As questões relativas ao meio
ambiente eram muito constantes nos debates e na produção acadêmica do NESTS.
Como o projeto atual irá descrever detalhadamente, Atibaia (e região) possui
uma imensa riqueza ecológica e sócio-cultural, além de estar posicionada
geograficamente no cruzamento de duas das mais importantes estradas do estado
de São Paulo, a estadual D. Pedro e a federal Fernão Dias. Pode-se perceber,
portanto, que o intenso interesse pelo tema merecia um tratamento mais
cuidadoso e próprio. A criação do presente núcleo vem justamente a atender esse
tratamento.
Muitas das abordagens do NESTS
deverão ser mantidas no Núcleo de Estudos em Sustentabilidade da FAAT. Pensar o
meio ambiente sem pensar em política não é apenas um erro, como uma impossibilidade
– é a política (em suas várias nuances e formas) que determina a formulação,
implantação e manutenção de uma norma jurídica e do próprio estado, que é, por
excelência, uma sociedade política (DALLARI, 2005, p. 47). As questões
ambientais passam por discussões políticas.
E pensar a política nos obriga a
pensar na própria formação de uma sociedade, em particular na sua cultura – é a
cultura que mostra as características de um povo, seus sonhos e medos, suas
aspirações e limitações ou, em outras palavras, o que este povo é em relação a
si mesmo e em relação aos outros povos (CASTORIADIS, 1982, p. 124).
Na verdade, a importância da cultura é fundamental.
Cultura
é um conceito bastante polêmico e amplo, tanto que encontramos inúmeras e
diferentes definições. (DARTON, 1990, p. 286) O antropólogo Edward Talyor, em
sua obra Primitive Culture, definiu
cultura como “o todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral,
lei, costume e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da
sociedade” (TAYLOR apud BURKE, 2005,
p. 43).
Pode-se
dizer, portanto, que o conceito de cultura envolve diversas dimensões: o
universo; os mitos; os costumes e rituais, além de suas peculiaridades; a
linguagem; os valores, as crenças, as relações de parentesco, etc. E,
logicamente, a maneira de de uma sociedade conceber e atuar no meio ambiente.
O núcleo irá se concentrar em estudos
sobre Sustentabilidade, em suas diferentes perspectivas, e partindo de análises
teóricas sobre esta questão utilizará como área para o desenvolvimento de
trabalhos empíricos, com um enfoque na sustentabilidade local, a cidade de
Atibaia e a Região Bragantina, em função de suas características e relevância para a conservação socioambiental. Serão apresentadas a seguir algumas considerações
sobre a região e as perspectivas de trabalho para o núcleo.
3. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO LOCAL
O conceito de sustentabilidade, que vem sendo amplamente
discutido nas últimas décadas, envolve diversas controvérsias e verifica-se que diferentes posições, visões e
versões surgiram e se consolidaram ao longo dos últimos anos (MEADOWS et al.
1993; MACNAGHTEN; URRY, 1998; HAWKEN, 1999; REDCLIFT; WOODGATE, 2000; HANNIGAN,
2006).
Assim
o termo sustentabilidade reflete, muitas vezes, mais uma expressão dos anseios
e valores de quem a exprime do que algo concreto, de aceitação geral. Em razão
disso, as definições correntes são vagas e amplas o suficiente para englobar o
máximo de condições requeridas de um processo de desenvolvimento que seja
sustentável nas perspectivas cultural, econômica, política, social e ambiental
(CAVALCANTE; FERRARO, 2002; SILVEIRA; SAYAGO, 2006).
Observa-se que é quase impossível proceder-se a um
levantamento de todas as correntes que discutem o tema em função até mesmo das
semelhanças e diferenças encontradas entre os autores, e pelo fato delas terem sido construídas com base em diferentes
perspectivas, que trazem também contribuições diversas, umas de ordem mais
prática, outras mais metodológicas e outras mais conceituais (BORGES; HOEFFEL, 1999; HOEFFEL; FADINI; SEIXAS,
2010).
Lima (2003) apresenta duas grandes matrizes
interpretativas que polarizam o debate atual e que de certa forma abrangem a
multiplicidade de enfoques que envolvem a noção de sustentabilidade. De um lado
temos o discurso oficial de desenvolvimento sustentável que compreende o
desdobramento da proposta da Comissão Bruntland ou Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1988). Para o autor, trata-se de um discurso
pragmático que enfatiza a dimensão tecnológica e econômica da sustentabilidade
e que defende a possibilidade de articular crescimento econômico e preservação
ambiental. Nesta abordagem, o processo de transição para o desenvolvimento
sustentável será liderado pela economia de mercado através de tecnologias
limpas, do controle do crescimento populacional e por processos produtivos e de
consumo ecologicamente equilibrados.
A outra matriz apresenta-se como uma proposta
multidimensional de sustentabilidade que procura integrar as dimensões sociais
e individuais. Essa concepção prefere utilizar a expressão sociedade sustentável salientando a autonomia política, a
diversidade cultural, os valores éticos de respeito à vida e as desigualdades
sociais e políticas.
Uma
análise destes eixos de classificação permite constatar que um processo efetivamente sustentável deve ser
visto como um todo sistêmico, dinâmico, no qual se entrelaçam se complementam e
se contrapõem os diferentes sistemas envolvidos: econômico, político, cultural e ambiental e
contempla também a forma como o ser humano em sociedade se relaciona com a
natureza e a forma como este a concebe (SUMNER,
2007).
Assim,
a escolha e a vinculação teórica a um dado enfoque não é uma escolha neutra e
nem isenta, mas sim uma opção de caráter e de conseqüências políticas, na
medida em que a percepção e o refletir passam a ser direcionados e
disciplinados por esta perspectiva, ao mesmo tempo em que a forma de se pensar
a questão, de ressaltar pontos, sempre em detrimento de outros, e as conclusões
alcançadas servem de base de legitimação para determinadas práticas sociais,
seja a favor ou contra certos interesses e tendências prevalecentes.
Nesta perspectiva e diretamente
relacionada à questão da
sustentabilidade, é indispensável mencionar a crescente produção de material
sobre o tema da busca de alternativas de sustentabilidade no âmbito regional e
local. Esse campo de trabalho envolve tanto estudos sobre a formulação e a implementação
de políticas públicas adotadas no nível das prefeituras de municípios e mesmo
nos níveis estaduais e federais, como trabalhos realizados diretamente com
comunidades mediante movimentos e entidades populares, assessorias aos
movimentos populares, ONG's, entidades de defesa de direitos humanos,
sindicais, etc. A questão do meio ambiente se constitui aqui parte integrante
da discussão sobre aprendizagem social, qualidade de vida, gestão democrática,
poder local, participação popular e construção da cidadania e cultura popular
(DRYSEK, 2005).
Na visão de Cavalcante;
Ferraro (2002, p.166):
O termo “Local”
aplicado ao conceito de Desenvolvimento Sustentável, talvez seja uma tentativa
de se aproximar da proposta de Sociedades Sustentáveis demonstrando, ao menos
no conceito, uma busca pela particularização do processo de construção da
sustentabilidade e de respeito às peculiaridades do local, mesmo que esta busca
ainda se denomine “desenvolvimento”.
Análises semelhantes são
expressas nas palavras de Campanhola; Silva (2000, p. 23), ao mencionarem que:
[...]
o que é sustentável em um país ou local, em um determinado período de tempo e
em um certo estágio de desenvolvimento, não necessariamente será sustentável em outro. O contexto deve
ser caracterizado e as iniciativas de sustentabilidade devem ser adaptadas às
necessidades e capacidades particulares, além da necessidade de considerar as
interações com os sistemas externos, pois o que é sustentável isoladamente pode
não sê-lo quando está sujeito a fortes interferências externas. Em suma, a
sustentabilidade deve ser vista como um conceito universal e não-negociável no
que se refere aos objetivos, mas sem um modelo ou critérios únicos, ela pode
ser alcançada por meio de muitos caminhos, com diferentes etapas, setores e
estágios de desenvolvimento (CAMPANHOLA; SILVA, 2000, p. 23).
Estes autores enfatizam
ainda que para o planejamento do uso do espaço ou local ser efetivo é
imprescindível que sejam consideradas as variáveis ambientais, sociais,
econômicas e de políticas públicas. Nesse sentido, o desenvolvimento local requer
um planejamento territorial e não estritamente setorial dos processos
econômicos e sociais de desenvolvimento, e entre os princípios a serem
observados estão: a participação da comunidade local no encaminhamento das
decisões, a introdução de mecanismos públicos que possibilitem a igualdade de
acesso aos benefícios gerados e o compromisso com a conservação dos recursos
naturais e da qualidade ambiental.
Campanhola e Silva (2000)
observam também que muitos métodos que têm sido desenvolvidos buscam incorporar
as diferentes variáveis na prática de planejamento e manejo ambientais, e entre
eles pode-se citar o planejamento integrado por bacias hidrográficas. Para
Carvalho et al. (2004) a abordagem neste recorte se justifica tendo em vista
que a análise do comportamento das variáveis ambientais, segundo este
parâmetro, vem ganhando importância estratégica no planejamento e na gestão de
políticas territoriais. Ela assume especial relevância quando se considera a
necessidade da regulação dos recursos hídricos, tendo em vista as conseqüências
político-sociais de seu uso compartilhado sobre a qualidade de vida da
população.
Outro aspecto a ressaltar é que a
preocupação com o meio ambiente para os que trabalham a questão da comunidade,
da participação popular e com as políticas públicas tem levado muitos
pesquisadores ao tema da percepção e da educação ambiental e a análises de
conflitos entre diferentes atores sociais (FERRARO, 2005, 2007; SAUVÉ, 2005).
Observa-se assim, que as atividades produtivas e as propostas de
desenvolvimento que ocorrem em determinado local, bem como suas dinâmicas,
muitas vezes refletem as diferentes percepções ambientais dos atores sociais
envolvidos. Esses atores podem ser citados como responsáveis diretos pela
tomada de iniciativas condizentes ou não com a realidade existente em um espaço
possuidor de peculiaridades e diversidades biológicas e culturais. O
reconhecimento de distintas abordagens sobre o mundo natural, estruturadas a
partir de diferentes referenciais, torna-se então extremamente relevante na
resolução de conflitos, na elaboração de diagnósticos, planejamentos, políticas
e programas de educação ambiental que estimulem a participação eqüitativa de
todos os agentes sociais (HOEFFEL et al, 2004).
Nesta perspectiva o Núcleo de Estudos em Sustentabilidade da FAAT busca
analisar as percepções, interesses e valores de diferentes atores sociais com
relação ao uso do espaço e seus reflexos na realidade socioambiental da Região
Bragantina, que contém no seu interior unidades de conservação de amplo valor
socioambiental e que foram criadas buscando ordenar o uso e ocupação do solo,
bem como a conservação ambiental nesta área de estudo.
Através deste trabalho
procura-se evidenciar os diferentes olhares e percepções que existem sobre o
uso dos recursos naturais na Região Bragantina, bem como indicar propostas para
uma gestão sustentável que contribua para a implantação de um planejamento
ambiental participativo.
4. O CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL DA REGIÃO BRAGANTINA
A Região Bragantina e seu entorno apresentam diversas questões
socioambientais relevantes que necessitam de estudos que identifiquem suas
dinâmicas e apontem propostas de solução com ênfase nas áreas de Gestão
Ambiental, Gestão de Recursos Naturais e Planejamento e Educação Socioambiental.
Neste contexto será apresentada uma contextualização da Região Bragantina
e das Unidades de Conservação nela localizadas e um elenco de temas e estudos
socioambientais importantes para esta área.
4.1. Caracterização da Região
Bragantina.
Nos últimos anos observa-se uma
preocupação crescente com relação ao uso e a conservação dos recursos naturais
e entre eles com os recursos hídricos. Apesar de sua aparente abundância, este
elemento natural tem sido utilizado sem muita consciência e critério e hoje, da
mesma forma que outros recursos, a qualidade e mesmo a quantidade de água
disponível encontram-se bastante comprometidas, em especial pela poluição
industrial, agrícola e urbana.
A busca de modelos sustentáveis e ambientalmente
adequados torna-se prioritária em áreas sensíveis a processos rápidos de
deterioração e em locais com recursos de grande importância ecológica e
econômica, como são as áreas de mananciais e bacias hidrográficas.
No Estado de São Paulo esta questão
determinou a criação de algumas unidades de conservação entre elas as Áreas de
Proteção Ambiental das Bacias dos Rios Piracicaba e Juqueri-Mirim (APA
Piracicaba) e do Sistema Cantareira (APA Cantareira), e dos Parques Estaduais
(PE) Itapetinga e Itaberaba, e no estado de Minas Gerais da APA Fernão Dias. A
proteção das nascentes de diversos rios e suas importâncias econômicas, além da
presença dos remanescentes de Mata Atlântica, foram fundamentos para a
demarcação destas APA e PE (BRASIL, 2001; SÃO PAULO, 2000, 2004).
Estas unidades de conservação ocupam boa parte da área
territorial dos municípios que fazem parte da Região Bragantina, inseridos nas
Bacias Hidrográficas dos Rios Jaguary e Atibaia. A Região Bragantina envolve 11
municípios[1] no
Estado de São Paulo e cinco municípios no Estado de Minas Gerais - Extrema,
Itapeva, Camanducaia, Toledo e Munhoz.
Uma das características desta região é a abundância de
recursos hídricos com a presença de áreas de nascentes e pontos de captação de
importância regional. Nelas estão situados 3 dos 4 reservatórios que compõem o
Sistema Cantareira - o reservatório dos Rios Jaguary e Jacareí, o do Rio
Cachoeira e o do Rio Atibainha.
O Sistema Cantareira que se encontra
situado nesta área supre de água as Regiões Metropolitanas de São Paulo (50%) e
de Campinas (85%), provavelmente os maiores centros urbanos e industriais do
país, em contínuo conflito pelo uso da água. Neste contexto, o colapso do
Sistema Cantareira é uma preocupação de importância estadual e mesmo federal.
Construído no final dos anos 1960, o
Sistema Cantareira desviou 2/3 dos recursos hídricos da Bacia do Rio Piracicaba
para a Região Metropolitana de São Paulo, tornando possível à consolidação de
seu parque industrial, causando ao mesmo tempo grandes impactos ambientais na
Região Bragantina e em outras áreas do Estado de São Paulo que utilizam o mesmo
manancial.
Apesar de sua
proximidade com a Região Metropolitana de São Paulo, um dos maiores centros
urbanos do mundo, a área onde está localizado o Sistema Cantareira ainda está
recoberta com remanescentes consideráveis de Mata Atlântica, uma das florestas
tropicais mais ameaçadas de extinção (HOEFFEL et al. 2004).
Diversas propostas para o uso
econômico desta área estão sendo elaboradas e implantadas por diferentes grupos
sociais atuantes na região. Estas propostas partem de diferentes concepções
sobre o mundo natural, e sua concretização obviamente resultará em alterações e
impactos distintos. Entre os projetos pensados para a região é possível citar:
modelos para uma industrialização e urbanização intensas, implantação de
atividades agrícolas diversificadas, desenvolvimento de diversas modalidades de
turismo de massa e de turismo ambiental e a criação de unidades de conservação
de proteção integral.
Dentro desta diversidade de
propostas torna-se relevante avaliar que concepções sobre o mundo natural
orientam os modelos propostos, qual a sua fundamentação teórica, e analisar que
situações foram geradas em outros espaços onde foram implantados. Da mesma
forma é importante avaliar que políticas públicas foram elaboradas por estas
diferentes concepções e o que seria indicado como proposta (ou propostas) para
esta área de estudo. Análises semelhantes podem ser elaboradas com relação às
concepções locais e mesmo regionais sobre a problemática ambiental.
Salienta-se também que propostas de intervenção na
Região Bragantina que não incorporem um planejamento ambiental por bacia
hidrográfica, uma avaliação histórica da problemática regional e um
conhecimento sobre as diferentes concepções de uso do espaço, possivelmente
podem dificultar, ou mesmo não gerar mudanças concretas na forma como os
recursos naturais vêm sendo utilizados e mesmo na implantação de modelos
ambientalmente adequados.
4.2. Caracterização da Bacia
Hidrográfica do Rio Atibaia.
Uma das áreas de estudo desta proposta de trabalho é a porção da Bacia
Hidrográfica do Rio Atibaia que está inserida na APA Cantareira, que integra as
cabeceiras da Bacia do Rio Piracicaba, e está localizada na Região Bragantina
compreendendo os municípios de Joanópolis, Piracaia, Nazaré Paulista e Atibaia.
Esta bacia se encontra próxima às áreas com o maior PIB brasileiro – a Região
Metropolitana de São Paulo e a Região Metropolitana de Campinas - com mais de
vinte milhões de habitantes e intenso uso industrial.
O Rio Atibaia é formado pelos Rios Atibainha e Cachoeira que se encontram
no bairro do Guaxinduva, entre os municípios de Atibaia e Bom Jesus dos
Perdões, e cujas nascentes estão localizadas basicamente nos municípios de
Joanópolis, Piracaia e Nazaré Paulista. O represamento destes rios levou a
formação dos Reservatórios do Rio Atibainha em Nazaré Paulista e
do Rio Cachoeira em Piracaia, que fazem parte do Sistema Cantareira, e
determinou a perda, por alagamento, de parte considerável das áreas agrícolas dos
municípios de Nazaré Paulista e Piracaia. As alterações que vem ocorrendo na
qualidade e quantidade dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios
Atibainha e Cachoeira terão reflexos diretos no Sistema Cantareira e nas Bacias
Hidrográficas dos Rios Atibaia e Piracicaba.
Situados nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, os municípios de
Joanópolis, Piracaia, Nazaré Paulista e Atibaia fazem parte da Região
Bragantina e apresentam relevo suavemente ondulado, destacando-se por suas
belezas naturais e cênicas e a aparente abundância de águas de boa qualidade.
Esta área coloca-se como um dos últimos redutos de Mata Atlântica na Região
Bragantina, onde ainda encontram-se diversas espécies animais e vegetais,
algumas ameaçadas de extinção. Entre estas destacam-se o tamanduá-mirim (Philander
opossum), o macaco-sauá (Callicebus personatus), o cachorro-do-mato (Cerdocyon
thous), a onça (Felis sp), o macuco (Tinamus solitarius), o
jacu (Penelope sp), o papagaio (Amazona sp),o sabiá-laranjeira (Turdus
rufiventris), o angico (Piptadenia sp), o palmito (Euterpe
edulis), o ipê (Tabebuia spp), a canela (Nectandra spp), o
jatobá (Hymenaea courbaril), entre outras (MEIRA, 1989; GROMBONE, 1990;
FUNATURA, 1992).
Esta região passa por um intenso processo de transformação em função da
facilidade de acesso, que ocorreu pela duplicação das Rodovias D. Pedro I e
Fernão Dias, e que estimula sua atual urbanização e seu uso turístico.
Atualmente, esta área enfrenta problemas ambientais diversos como desmatamento,
erosão, assoreamento dos rios, caça ilegal e o incremento de atividades
turísticas não apropriadas para uma região que se insere em uma unidade de
conservação que prioriza a proteção dos seus mananciais e a sustentabilidade
ambiental.
Nos últimos anos, a restrição crescente e a maior fiscalização sobre as
atividades produtivas consideradas de impacto sobre os recursos naturais, que
passam a ocorrer em todo o Estado de São Paulo, ganharam proporções maiores nas
áreas consideradas estratégicas e entre estas podemos citar pela importância a
Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba. No entanto, a ação fiscalizadora dos
sistemas de controle ambiental não se conjugou com ações educativas e de
sensibilização da população, gerando assim problemas diversos, principalmente
nestas regiões com intensos conflitos sobre o uso de recursos naturais.
Segundo Hoeffel; Viana (1996),
Almeida; Hoeffel (1999), Hoeffel; Sorrentino; Machado (2004); Almeida; Hoeffel;
Queda (2008) e Hoeffel; Fadini;Seixas (2010) deve-se considerar que a
preocupação ambiental praticamente inexistia para a grande maioria da população
regional que estava e ainda está habituada a refletir e agir sobre os recursos
naturais dentro do modelo da economia de mercado tradicional. Assim, há a
exploração intensiva e extensiva da natureza, sem considerar-se a necessidade
de conservação e proteção, dentro de um enfoque de desenvolvimento econômico
que privilegia o processo industrial e o parcelamento do solo, em franco
detrimento das outras atividades econômicas, sem levar em conta a qualidade de
vida e a preservação ambiental.
Por outro lado, o sistema de controle ambiental, ao restringir as
atividades econômicas, em especial na área rural, não apresenta alternativas
economicamente viáveis para as populações da área rural e que seja adequada do
ponto de vista ambiental. Este descompasso deixa a população sem opções,
persistindo nas atividades tradicionais ou nas que apresentam boa
lucratividade, como, por exemplo, os reflorestamentos com eucalipto e os
loteamentos, atividades que se expandem neste momento por toda a região (SÃO
PAULO, 1998; HOEFFEL; MACHADO; FADINI, 2005).
Além disso, as políticas de proteção dos recursos hídricos, segundo
Hoeffel; Sorrentino; Machado (2004), em diversos casos não se apresentam
estruturadas para atender a diversidade e complexidade que esta proteção
requer, caracterizando-se pela pulverização de responsabilidades entre órgãos
diversos, com orientações nem sempre coerentes entre si, e incapaz de atuar no
contexto global de uma bacia hidrográfica que exige ações sociais e
institucionais integradas.
Os fatores apontados acima remetem
diretamente à forma como os grupos sociais relacionam-se com o sistema de
controle e fiscalização que existe atualmente. É prática comum a ação contra a
legislação ser realizada conscientemente sem maiores preocupações com as
sanções que poderão ocorrer. Este padrão de comportamento vem sendo observado
em toda a região, em todos os níveis, seja na utilização do solo, nos
desmatamentos, nas atividades industriais e mesmo nas ações dos poderes
públicos municipais.
Isto se deve em parte ao fato de ser
recente a preocupação generalizada pela conservação ambiental e também pelo
desconhecimento da questão apresentado pela população em geral. Por outro lado,
o jogo de interesses econômicos e políticos existente faz com que o mesmo poder
público que se responsabiliza pela política de proteção seja também, em muitos
casos, aquele que propicia ou até mesmo agencia práticas de impacto ambiental.
É o mesmo nível político que coloca a Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba como
área protegida e de importância máxima para o Estado que por outro lado
estimula e financia a instalação de distritos industriais, sem estudos
aprofundados, sem planejamento e infra-estrutura na mesma região.
Outro aspecto a considerar diz respeito à situação da cobertura vegetal
natural da região, que vem sendo substituída gradativamente por núcleos
urbanos, reflorestamento e agro ecossistemas, além de atividades industriais.
Em decorrência dos desmatamentos, a fauna desses ambientes, essencialmente
florestal, sofreu uma redução expressiva em sua diversidade original e tem suas
áreas de distribuição espaciais fortemente reduzidas, resultado da perda de
habitats. Esta situação também se reflete sobre a qualidade e quantidade dos
recursos hídricos regionais.
No município de Atibaia ocorre
atualmente, da mesma forma que em outros municípios da APA Cantareira, mas com
uma dinâmica bastante acelerada, uma intensa especulação imobiliária, e este
tem incrementado seu potencial turístico, a exemplo do que ocorreu em outras
áreas no entorno da Região Metropolitana de São Paulo. Ainda como decorrência
do interesse por atividades de lazer vem crescendo o número de hotéis, pousadas
e condomínios que têm se expandido sem planejamento, o que vem determinando
diversos problemas para a qualidade socioambiental desta área.
Além das evidências de crescente atividade turística, a região
caracteriza-se por uma população que tem ali sua
segunda residência para os fins-de-semana e férias e que tem determinado a
expansão do setor da construção civil na região.
Assim verifica-se que as principais atividades econômicas realizadas
atualmente no município de Atibaia têm como base o setor terciário – comércio e
serviços (76,22%), o setor secundário – indústrias (22,69%) e o setor primário
– agrícola (1,10%) (ATIBAIA, 2006). No setor terciário tem destaque o segmento
turístico e do setor imobiliário/construção civil, no setor secundário as
indústrias metalúrgicas, de vestuário e de materiais para construção civil e no
setor primário algumas atividades tradicionais do município como a
floricultura, a fruticultura, a silvicultura e a avicultura. Entretanto fica
evidente o papel que os setores responsáveis pelos processos de urbanização e
uso turístico têm na economia do município.
Face à importância que a Bacia Hidrográfica do Rio Atibaia tem para sua
região de Governo e para a Região Metropolitana de São Paulo, estudos vêm sendo
realizados (HOEFFEL; SORRENTINO; MACHADO, 2004; WHATELY; CUNHA, 2007; HOEFFEL;
FADINI; REIS; JESUS, 2010) com a preocupação de estabelecer usos que não
interfiram na conservação desse manancial, que orientem um crescimento ordenado
da área de expansão urbana, especialmente porque há para os próximos anos a
projeção de crescimento de sua população urbana.
Outro aspecto a ressaltar é que a Rodovia Fernão Dias vem possibilitando
uma expansão das atividades industriais em toda a área, em especial nos
municípios próximos à divisa de São Paulo com Minas Gerais, com conseqüências
diretas na qualidade e quantidade dos recursos hídricos na Bacia do Rio
Piracicaba. Isto não ocorre só pelo aumento da concentração de resíduos
industriais poluentes, de fontes variadas, mas também pelo aumento populacional
decorrente do incremento das atividades industriais (HOGAN, 1997; HOGAN; CARMO,
2001).
Com a duplicação da Rodovia Fernão
Dias o processo de ocupação em toda a área tem se intensificado drasticamente,
possibilitando impactos diversos. O aumento populacional tem ocorrido em todos
os municípios da região, em especial em Atibaia, Bragança Paulista, e Bom Jesus
dos Perdões. O fato do eixo rodoviário Fernão Dias - Dom Pedro I tornar-se
duplicado permite que se acentue um processo já existente regionalmente, o de
se estabelecerem grupos regionais com residência nestes municípios, mas que
exerçam suas atividades profissionais na Região Metropolitana de São Paulo.
Alguns
municípios da região já se apresentam hoje como cidades dormitórios e com uma
maior facilidade de acesso este quadro obviamente se acentuará. É importante
ressaltar que o aumento populacional vem ocorrendo tanto no tocante à população
fixa quanto flutuante, seja na área urbana ou rural. A maior ocupação com
residências nas áreas rurais terá conseqüências diretas sobre a cobertura vegetal
na região. Atualmente já se verifica um aumento no parcelamento do solo com o
estabelecimento de vários condomínios na área rural.
Assim, pode-se observar através da Figura 1 a evolução urbana do município de Atibaia.
Verifica-se uma evidente aceleração do crescimento da população urbana a partir
de 1960, época em que o município começa a passar por uma transformação em seu
perfil, quando tem início os empreendimentos imobiliários voltados
principalmente ao mercado da Grande São Paulo e baixada santista, cuja
população em função da queda da qualidade do ambiente urbano torna-se ávida por
locais de descanso e lazer.
De uma forma geral, o aumento populacional do município está relacionado
ao desenvolvimento econômico da região, intensificado pela construção dos
reservatórios que compõem o Sistema Cantareira, na década de 1970, e pela
duplicação das Rodovias D. Pedro I e Fernão Dias, na década de 1990, que vêm
ocasionando uma expansão urbana acentuada e a criação de novos loteamentos que
pressionam áreas naturais.
Entretanto,
observa-se ao mesmo tempo na região o surgimento de um discurso essencialmente
preservacionista que vem promovendo o meio ambiente regional como espaço lúdico
e restaurador (CARVALHO, 2003), mas que não contempla propostas efetivamente
sustentáveis que permitam a conservação dos recursos naturais e incluam as
populações regionais. Esta situação tem intensificado tanto a procura e
comercialização de áreas “naturais”, vendidas como redutos de “natureza natural”, quanto o êxodo da
população rural.
Verifica-se
assim que não há uma efetiva preocupação com os recursos naturais e com a
população, mas essencialmente com dinâmicas econômicas que têm se refletido
tanto na conservação dos recursos naturais, em especial dos recursos hídricos,
quanto na qualidade de vida da população regional.
Outro aspecto a
salientar é o fato da situação dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do
Rio Atibaia já não ser das mais satisfatórias, uma vez que há alto índice de
assoreamento, ausência de mata ciliar, ocupação irregular de várzeas,
lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento prévio, além de
erosão das margens dos rios e córregos, que contribuem sobremaneira para a
poluição das águas. Observa-se que a poluição das águas origina-se de várias
fontes, entre as quais se destacam os efluentes domésticos, os efluentes
industriais, o deflúvio superficial urbano e agrícola, resíduos de atividades
de mineração, etc., que estão, portanto, associados ao tipo de uso, ocupação do
solo e atividade humana.
Deve-se considerar também que pelo
mapa de classificação das águas da região estas são tidas como de Classe 1,
todavia, perdem esta qualidade na Bacia Hidrográfica do Rio Atibaia, após a
cidade de Atibaia pela presença de coliformes fecais, já que o tratamento de
esgoto é parcial e devido à baixa eficiência do sistema do saneamento
ambiental. Neste contexto percebe-se que a qualidade das águas da Bacia
Hidrográfica do Rio Atibaia vem gradativamente perdendo sua qualidade e que são
extremamente relevantes estudos que considerem análises do uso e ocupação do
solo, bem como a elaboração de propostas para utilização sustentável dos
recursos naturais regionais.
Fica evidente, desta forma, conforme mencionado por Devall (2001) e Novo
(2002), a estreita conexão entre os processos de degradação ambiental e os
modos sociais de uso dos recursos naturais, o que vem exigindo mudanças
significativas nas relações com o ambiente. Através destas análises torna-se
mais uma vez relevante a necessidade de análises que caracterizem diferentes
concepções sobre o meio ambiente, de forma a evidenciar os principais usos dos
recursos naturais e a elaboração de propostas educativas e de políticas
públicas ambientais que efetivamente auxiliem na construção de sociedades
sustentáveis.
4.3. Breve Caracterização das
Unidades de Conservação da Região Bragantina.
A
preocupação global com a qualidade, quantidade e disponibilidade dos recursos
naturais e sua conservação têm orientado a elaboração de diversas políticas
públicas, destacando-se entre elas a criação de Unidades de Conservação
(BRASIL, 2000).
No Brasil, as
Unidades de Conservação (UC’s) foram criadas, em especial a partir dos anos
1970, com o objetivo de minimizar os impactos ambientais causados pela ocupação
desordenada em áreas com características naturais e culturais singulares, assim
como difundir na sociedade a importância da preservação e conservação (SÃO
PAULO, 2000).
Entre as Unidades de
Conservação existentes na Região Bragantina podem ser destacadas as Áreas de
Proteção Ambiental (APA) e os Parques Estaduais (PE) que serão caracterizadas a
seguir.
- Áreas de Proteção Ambiental do
Sistema Cantareira/SP e Fernão Dias/MG.
A APA Cantareira abrange a totalidade dos municípios de Mairiporã,
Atibaia, Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem e Bragança Paulista (SÃO
PAULO, 2000; 2004) e na APA Fernão Dias inserem-se os municípios de Camanducaia,
Extrema, Gonçalves, Itapeva, Sapucaí-Mirim e Toledo, e parte dos municípios de
Brazópolis e Paraisópolis (IBITU, 1998, WHATELY; CUNHA, 2007) (Figuras 2 e 3). Parte da APA Cantareira
está sobreposta a APA Piracicaba/Juqueri-Mirim – Área II (SÃO PAULO, 2000) e
ambas estão incluídas na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São
Paulo (RESERVA DA BIOSFERA, www.iflorestsp.br/rbcv, 2008). Destaca-se
que apenas, recentemente, os seus conselhos gestores foram criados.
Figura 2: APA’s do Sistema Cantareira e Piracicaba-Juqueri-Mirim
(SÃO PAULO, 2000)
Figura 3: APA
Fernão Dias (IBITU, 1998).
Os objetivos de criação destas unidades de conservação relacionam-se com
a manutenção e melhoria da qualidade da água, nas Bacias Hidrográficas dos Rios
Jaguary e Atibaia e especialmente nos municípios do entorno dos reservatórios
do Sistema Cantareira (SÃO PAULO, 2000; 2004).
O Sistema
Cantareira é um dos maiores sistemas públicos de abastecimento de água no mundo
e constitui-se em um conjunto de obras hidráulicas de grande porte,
especificamente planejado para abastecer a metrópole de São Paulo e atender as
demandas dos cursos de água situados a jusante dos reservatórios (SABESP,
1989).
Para produzir
essa água, o Sistema, que tem quase 45% de sua área de produção hídrica
localizada no Estado de Minas Gerais, faz a transposição entre duas bacias
hidrográficas, importando água da Bacia Hidrográfica do Piracicaba para a do
Alto Tietê. O Sistema Cantareira possui uma área de drenagem de aproximadamente
227.950 hectares
que contempla cinco sub-bacias hidrográficas, sendo a dos Rios Jaguary,
Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juquery e seis reservatórios interligados por
túneis artificiais subterrâneos, canais e bombas (WHATELY; CUNHA, 2007),
Whately; Cunha (2007) destacam que em 2003 grande parte do território
ocupado pelas cinco bacias formadoras do sistema encontrava-se alterado por
usos humanos diferenciados e as áreas cobertas por vegetação, fundamentais para
a produção e purificação de água, ocupavam apenas 21% da área do sistema. Dados
esses bastante alarmantes se for considerada a extrema importância da região
para o abastecimento de toda a RMSP e da região de Campinas e Piracicaba.
Embora estas características ainda sejam marcantes na região, observa-se
que profundas mudanças vêm ocorrendo nos últimos anos, em especial no entorno
dos reservatórios que compõem o Sistema Cantareira. Estes vêm apresentando uma
alterações no volume de água armazenado, causado por mudanças no regime de
chuvas e pela falta de políticas efetivas de conservação de recursos hídricos,
que possibilitam a realização de algumas atividades econômicas em todo seu
entorno, o que tem gerado sérios impactos ambientais (WHATELY; CUNHA, 2007).
Acrescenta-se a esta problemática ambiental, o fato desta localidade tornar-se
alvo de empreendimentos imobiliários os mais diversos, consolidando um processo
crescente de ocupação do solo e uso turístico desordenado (HOEFFEL et al, 2004;
2005; HOEFFEL;
FADINI; BARBOSA; FERMINO, 2008).
A
duplicação das Rodovias D. Pedro I e Fernão Dias facilitou expressivamente o
acesso, determinando um processo de expansão industrial e urbana, além de um
incremento turístico, fatores que têm colaborado para o aumento dos impactos
socioambientais e culturais regionais (FADINI, 2005; FADINI; CARVALHO, 2004).
Apesar das restrições impostas pela legislação ambiental vigente e por
compor as APA’s Cantareira e Fernão Dias, usos econômicos diversos, muitas
vezes inadequados para a área, vêm sendo sugeridos e implantados gerando
impactos socioambientais e culturais, que precisam ser adequadamente analisados
(FADINI; HOEFFEL; CARVALHO, 2007; HOEFFEL; FADINI; LIMA; MACHADO, 2006;
BARBOSA; HOEFFEL, 2008).
Assim, é relevante salientar que as principais alterações ocorridas na
área de estudo – a construção das Rodovias Fernão Dias e D. Pedro I e do
Sistema Cantareira - não consideraram as características sócio-econômicas deste
espaço, que até a década de 1960 era essencialmente rural, pelo contrário,
priorizaram as necessidades e planos de áreas vizinhas – as Regiões
Metropolitanas de São Paulo e Campinas – que passam a direcionar novos usos e
determinam rupturas em uma identidade rural anteriormente constituída,
promovendo uma identidade outorgada que estimula tanto sua conservação quanto
sua urbanização, mas que não é assimilada efetivamente pela população regional
(FADINI; CARVALHO, 2006; FADINI; HÖEFFEL, SUAREZ, 2008; BARBOSA; HÖEFFEL;
SANTOS; BIANCHI, 2009).
Observa-se assim que apesar destas APA’s serem criadas com o intuito de
conservar a natureza e promover a qualidade de vida da população, seu maior
desafio, conforme citado anteriormente, é compatibilizar seus objetivos com as
atividades econômicas vocacionais do local, o que tem levado a diversos
conflitos pelo uso do solo e da terra (HOEFFEL; MACHADO; FADINI, 2005; HOEFFEL;
FADINI; MACHADO; REIS, 2008).
Esta
situação, como mencionado por Ferreira et al (2004), demonstra que “o processo
que envolve a seleção, implantação e gestão de áreas protegidas geralmente está
baseado em critérios ecológicos e econômicos, o que não garante o sucesso dos
resultados da conservação” (FERREIRA, 2004, p. 47). Isto se deve ao fato do
meio ambiente ser considerado como um bem público e de interesse universal,
justificando-se, desta forma, as tomadas de decisão por esferas denominadas
competentes para esse fim.
Com relação à construção de novas identidades sociais, vale ressaltar que
a área ambiental tem recebido crescente atenção do setor de publicidade e
propaganda, que procura se equipar com novos recursos estilísticos e narrativos
para dar sustentação a essa problemática. As demandas de certificação e
obtenção de selos de qualidade (ISO) por parte de empresas de diversos ramos
promoveram uma verdadeira corrida para a construção de uma imagem
ambientalmente responsável (ALMEIDA; ANDRADE, 2007).
Cada vez mais os profissionais de marketing e logística estipulam os
parâmetros da comunicação ambiental em diversas esferas do setor
empresarial. Departamentos de relações
públicas e assessorias de imprensa especiais foram criados para dar maior
articulação entre empresas, organizações não-governamentais e comunidade.
Percebe-se no setor corporativo que há necessidade de um diálogo mais sinérgico
e profissional entre as diferentes mídias para se lidar com a problemática
ambiental, e o setor de marketing é essencial para estabelecer estratégias de
comunicação no lançamento de produtos, divulgação de resultados e tomada de
decisões corporativas (TEIXEIRA, 2000).
Designers, publicitários, editores especializados, especialistas em
logística e relações públicas compõem um quadro multifacetado de profissionais
da área de comunicação que desempenham um papel crucial na formulação e
gerenciamento de campanhas direcionadas ao consumo de produtos com apelo
ambiental. Vídeos institucionais, campanhas e convênios de cooperação na área
ambiental são monitorados por agências e assessorias que dividem os mesmos
códigos de atuação, e são independentes das pautas jornalísticas (ANDRADE,
2007). Estas estratégias têm sido amplamente utilizadas para promover o
processo de urbanização e desenvolvimento turístico da área de estudo.
Outro aspecto a considerar é que as características ambientais e as
paisagens encontradas atualmente nas APA’s Cantareira e Fernão Dias e na Região
Bragantina são, conforme enfatizado por diversos autores (COSGROVE, 1998;
CRONON, 1996; DOVERS, 2000; HUGHES, 2001; REDMANN, 1999; WORSTER, 1996), fruto
de diversos momentos históricos que foram através de diferentes processos de
intervenção, reconfigurando continuamente sua estrutura, refletindo desta
forma, diretamente nos conflitos socioambientais e na (des) construção da
identidade e do modo de vida destas Unidades de Conservação (HOEFFEL; FADINI; SEIXAS,
2010).
- Os Parques Estaduais da Serra de
Itaberaba e da Serra do Itapetinga.
A importância da conservação dos remanescentes de
Mata Atlântica para o Sistema de Unidades de Conservação do Estado de São Paulo
é notória. Porém, são conhecidas, também, as pressões sobre o patrimônio
natural e seus serviços ambientais, em função da expansão urbana e conseqüente
desmatamento e ocupações das áreas de preservação permanente (FUNDAÇÃO
FLORESTAL, 2010).
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é o 5°
maior aglomerado urbano do mundo, abrangendo a capital do Estado e outros 38
municípios vizinhos numa superfície de 805.300 hectares .
A região concentra mais de 10% da população brasileira em menos de um milésimo
do território nacional. Deste total, 10 milhões de pessoas moram no município
de São Paulo. Essa concentração demográfica se distribui de maneira caótica,
engendrando um ambiente social de contradições extremadas que se reflete na
organização do espaço territorial, saturando e consumindo os recursos ambientais.
A metrópole se localiza predominantemente, na região
sedimentar da Bacia do Alto Tietê, estando a maior porção do cinturão verde em
áreas de relevos pronunciados e maciços, onde se encontram diversas áreas
protegidas, destacando-se a Cantareira e Juquery, Jaraguá, Morro Grande,
Jurupará, Represas Billings e Guarapiranga, Serra do Mar, Itapeti e as
Nascentes do Tietê em Salesópolis.
Há atributos de valor incalculável para a metrópole e
seus habitantes, que propiciam uma série de serviços ambientais para o
bem-estar de um amplo contingente populacional. Suas matas são responsáveis por
regulação, purificação e proteção de cursos d’água e mananciais, amenizam a
temperatura da mancha urbana, magnificada pelo efeito das ilhas de calor, e,
especialmente, seus valores culturais para a paisagem, lazer, turismo e
espiritualidade (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010).
De acordo com Raimundo (2006) as áreas naturais
remanescentes da Região Metropolitana de São Paulo podem ser distribuídas em
três grandes manchas: as matas e formações abertas das morrarias de São Roque e
das franjas do Japi; as florestas em campos de Curucutu e Parelheiros e as
formações da Serra da Cantareira e dos Contrafortes da Mantiqueira.
A Mata Atlântica é considerada uma das grandes
prioridades para a conservação da biodiversidade em todo o mundo. Com efeito,
encontra-se classificada entre os 34 “hotspots” do planeta. Em estado crítico,
sua cobertura florestal acha-se reduzida a cerca de 7,6% da área original, que
perfazia uma extensão de aproximadamente 1.300.000 km2.
O Maciço da Cantareira alonga-se na direção
nordeste-sudoeste por cerca de 30
km e ocupa uma área de cerca de 320 km². Essa serra
salienta-se aproximadamente 300
metros acima do nível da topografia local. O lado
voltado para sul (calha do Tietê) apresenta-se como uma frente escarpada,
enquanto ao norte, na bacia do Juquery (Franco da Rocha) e no município de
Mairiporã possui uma escultura granítica maciça e suave composta por um
conjunto de morros. Essa serra é recoberta por espécies exclusivas de Mata
Atlântica, associadas a elementos da Mata Semi-Caducifólia do Planalto o que
confere à Cantareira um caráter de transição entre a Mata Atlântica e a Mata de
Planalto.
O Governo do Estado, reconhecendo a importância
dessas áreas decidiu assegurar a preservação dessa região e com base no
Inventário Florestal da Vegetação Natural de São Paulo foram identificados
expressivos fragmentos florestais de Mata Atlântica na região do Sistema
Cantareira. A partir do ano de 2007, iniciaram-se estudos para avaliação de
potenciais áreas no eixo norte-nordeste do Parque Estadual da Cantareira com
vistas à criação de novas unidades de conservação. Para isso efetivamente foi
implantado a criação de duas novas unidades de conservação, adjacentes ao
Parque Estadual da Cantareira, os Parques da Serra de Itaberaba e da Serra do
Itapetinga que, juntas, somarão 29.073 mil hectares de área protegida,
complementando os 7,9 mil hectares do PE da Cantareira, formando um contínuo
que se estende para o interior do Estado (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010) (Figura 4).
Figura 4: Contínuo da Cantareira: Parque Estadual da Cantareira, Serra da
Itaberaba, Serra de Itapetinga, Monumento Natural da Pedra Grande
(Fundação Florestal, 2010).
Os dois parques, que são quase paralelos, foram delimitados
com a preocupação de excluir quase a totalidade das áreas em que há a presença
humana, seja em pequenos bairros ou em atividades econômicas como agricultura e
extrativismo. Dessa forma, evitam-se conflitos de interesse e futuros problemas
na regularização fundiária para a criação das unidades de conservação
(LOCASTRO, 2010).
Na Serra de Itaberaba (gleba I) e de Itapetinga
(gleba II) que, a partir do PE da Cantareira, constitui a ligação natural no
sentido nordeste até a Serra da Mantiqueira, foi identificado um contínuo de
fragmentos de Mata Atlântica que passa por Guarulhos, Mairiporã, Arujá, Nazaré
Paulista e Santa Isabel. A vizinha Serra de Itapetinga, que faz a ligação norte
com a Mantiqueira, contempla áreas de Mairiporã, Nazaré Paulista, Bom Jesus dos
Perdões e Atibaia (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010).
Os estudos contidos no Plano de Manejo demonstram a
extraordinária biodiversidade que o Parque Estadual da Cantareira guarda. Essa
importância é ainda mais acentuada por constituir um corredor ecológico que
possibilita o trânsito de fauna, incluindo animais como a onça parda, entre os
maciços florestais da Mantiqueira. Cabe ressaltar que contiguo a área do Parque
Estadual Itapetinga encontra-se outra Unidade de Conservação de Proteção
Integral, o Monumento Natural da Pedra Grande, criado para preservar uma
formação geológica com o mesmo nome (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010).
5. METODOLOGIA
O projeto inicial envolve um levantamento
geral da realidade socioambiental da área de estudo, a serem definidos em função
das principais dinâmicas regionais e a elaboração de propostas de caráter
sustentáveis associadas a programas de educação ambiental.
O levantamento da realidade
ambiental da área de estudo será realizado através de entrevistas e coleta de
dados secundários junto aos diversos órgãos governamentais (Prefeituras
Municipais, Secretarias de Meio Ambiente Municipais e Estaduais, IBAMA,
Universidades Públicas, etc.) e não governamentais (Associações representativas
da Sociedade Civil, Universidades Privadas, etc.) atuantes na região, e por
pesquisas de campo, de forma a identificar as características culturais,
ambientais, legais e sócio-econômicas da região.
Os dados obtidos darão subsídios para elaboração de inventários,
avaliações e propostas ambientais que estejam de acordo com as diretrizes de
planejamento ambiental propostas e expressas na Agenda 21 em seu capítulo
7 sobre a Promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos
humanos; capítulo 14 sobre desenvolvimento rural e agrícola sustentáveis;
capítulo 18 sobre proteção da qualidade dos recursos hídricos (água
doce) e do seu abastecimento e capítulo 36 sobre ensino, conscientização
pública e treinamento (SÃO PAULO, 2005).
Os procedimentos metodológicos adotados se baseiam nos pressupostos teórico-práticos
da metodologia participativa (BRANDÃO, 1999; THIOLLENT, 2003). A escolha deste
procedimento busca promover o envolvimento dos grupos sociais locais nas várias
etapas do projeto, tanto na sua vertente teórica quanto prática e alcançar o
objetivo de desenvolver uma ação educativa que tem no processo de construção do
conhecimento um momento de formação de uma nova consciência e prática ambiental.
Apoiado em uma abordagem participativa, este projeto buscará identificar os
problemas ambientais regionais juntamente com a população através de fóruns de
discussões e propor soluções que considerem os aspectos sociais, econômicos,
legais, históricos e culturais assim como os ecológicos.
Os estudos ambientais e a elaboração de cenários prognósticos terão como metodologia
base o trabalho desenvolvido por Fadini (2005), que desenvolve uma
caracterização histórico-social, ambiental e econômica para as Bacias Hidrográficas
dos Rios Jaguary e Atibaia.
A metodologia se distribui em três etapas que se complementam: planejamento,
processo e produto.
1. Planejamento
Nesta fase são identificadas as
necessidades, os objetivos e metas, o público alvo, as potencialidades e
limitações, os recursos materiais e humanos disponíveis e as instituições
locais que podem apoiar o programa.
Durante o planejamento estão
previstas as seguintes atividades:
1. Levantamento de Dados.
Esta etapa envolve:
- Inventário ambiental e
histórico da área de estudo através de questionários, entrevistas, observações,
pesquisas de campo e consultas bibliográficas. Os instrumentos para a
realização desta etapa serão construídos após etapa inicial de reconhecimento
da área de estudo.
- Levantamento quantitativo –
identificação de aspectos sócio-econômicos, em especial caracterização de
atividades econômicas, a ser realizada junto aos órgãos públicos da região
(Prefeituras Municipais, Câmaras Municipais, IBGE, Fundação SEADE, etc.);
- Levantamento qualitativo –
identificação de aspectos socioculturais, entre os quais destacam-se: o
reconhecimento de problemas ambientais, identificação de lideranças, meios de
comunicação e recursos materiais.
2. Sistematização de
informações socioambientais da região, através da avaliação e análise dos
resultados de estudos de campo e pesquisas já existentes, a fim de elaborar
relatórios, propostas de intervenção, cenários prognósticos, materiais
didáticos e realização de palestras.
2. Processo
A fase de Processo compreende a
implementação de diferentes atividades, seleção de áreas a serem pesquisadas, métodos
a serem adotados, capacitação de multiplicadores e membros da comunidade em
geral. Esta fase é acompanhada de avaliações periódicas das ações adotadas
através de questionários, entrevistas, registros fotográficos e observações, e pela
elaboração de uma programação de atividades, definindo responsabilidades e
projetos prioritários de acordo com a realidade identificada.
Em função da metodologia participativa adotada a capacitação de
multiplicadores e membros da comunidade em geral ocorre nesta etapa, pois é
através da reflexão e discussão com a população local que serão elaboradas
propostas e programas sócio-econômicos compatíveis com as características
ambientais da área.
Envolve também, ações de
acompanhamento dos programas estabelecidos com encontros periódicos,
capacitação técnica e aprofundamento de questões que venham a se colocar no
processo.
As atividades incluem palestras,
debates, exibição de vídeo, exposição de fotografias e mapeamento da área de
estudo, experimentos e amostras de materiais diversos. Serão promovidos
encontros para apresentação dos resultados da pesquisa e discussão das
propostas de ação com diversos segmentos da sociedade, incluindo os setores
regionais, instituições governamentais, comunidade acadêmica e organizações não
governamentais.
Em todas as etapas haverá o envolvimento de alunos dos Cursos de
Graduação da FAAT através da orientação dos professores envolvidos no projeto. Além
disto, a elaboração dos relatórios irá incorporar questões, sugestões,
propostas e medidas resultantes do debate com a sociedade regional.
3. Produto e Análise de Resultados
Os dados serão analisados dentro de uma abordagem sistêmica (NOVO, 2002)
procurando integrar os diferentes aspectos - sociais, econômicos, legais, tecnológicos, científicos e culturais, buscando compor um quadro geral das
características socioambientais da área de estudo e após análise os dados serão
sistematizados de forma a permitir, entre diversos produtos os apresentados a
seguir:
1.
Compor um quadro histórico
geral da evolução da problemática ambiental no compartimento ambiental da
região Bragantina.
2. Apresentar
um quadro da realidade ambiental da região, incluindo seus aspectos naturais,
sócio-econômicos, culturais, legais e tecnológicos.
3. Mapear
o potencial de sustentabilidade da região incluindo as atividades econômicas
ambientalmente adequadas já desenvolvidas e as possíveis de implantação;
4. Propor
um programa piloto de educação ambiental que inclua capacitação de
multiplicadores e mobilização comunitária
5. Elaborar
um programa de ação que vise à sustentabilidade e a efetiva proteção dos
mananciais regionais.
6. Caracterizar
as concepções de sustentabilidade encontradas durante o desenvolvimento das
pesquisas e verificar a viabilidade de incorporá-las em programas de educação
ambiental, e em propostas de gestão de recursos naturais.
6.
ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS, DE CARÁTER INTERDISCIPLINAR, RELEVANTES NA REGIÃO
BRAGANTINA.
Considerando as questões anteriormente mencionadas, será apresentado a
seguir um elenco de temas e estudos socioambientais considerados relevantes
para a Região Bragantina. Estes temas fazem parte de uma elaboração inicial e
serão expandidos posteriormente.
- Análises dos impactos naturais, sociais, econômicos, legais e culturais
da criação dos Parques Estaduais (Cursos envolvidos: Direito, Administração,
Psicologia, Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Artes Visuais, Marketing).
- Estudo temporal do parcelamento do solo nos municípios integrantes da
Região Bragantina, com ênfase na especulação imobiliária e no uso turístico (Cursos
envolvidos: Administração, Direito, Contabilidade, Gestão Financeira,
Jornalismo, Relações Públicas).
- Perfil do setor industrial da Região Bragantina e sua adequação às
normas de gestão ambiental, em especial à Norma ISO 14.000 (Cursos envolvidos: Direito,
Administração, Recursos Humanos, Gestão Financeira, Letras, Pedagogia,
Logística, Marketing).
- Evolução do setor de logística e seus reflexos socioambientais (Cursos
envolvidos: Logística, Administração, Gestão Financeira, Marketing, Publicidade
e Propaganda, Jornalismo, Relações Públicas, Recursos Humanos, Análise de
Sistemas).
- Novas ocupações territoriais, migrações e êxodo rural e seus reflexos
na identidade social (Cursos envolvidos: Letras, Pedagogia, Psicologia,
Direito, Sistema para Internet, Matemática, Contabilidade).
- Unidades de conservação regionais e gestão de conflitos de uso (Cursos
envolvidos: Direito, Administração, Contabilidade, Gestão Financeira,
Jornalismo).
- As complexidades relacionadas com uso do solo, conservação de recursos
hídricos e degradação ambiental numa perspectiva legal e educacional (Cursos
envolvidos: Direito, Pedagogia, Administração, Gestão Financeira, Matemática,
Sistemas para Internet).
- Percepção ambiental dos diversos atores sociais presentes na Região
Bragantina e seus reflexos em diferentes ações de gestão e planejamento (Cursos
envolvidos: Direito, Administração, Psicologia, Publicidade e Propaganda,
Jornalismo, Artes Visuais, Marketing).
- Gestão Ambiental e Participação: criação e utilização de diferentes mecanismos
e espaços para o debate (Cursos envolvidos: Letras, Publicidade e Propaganda,
Marketing, Relações Públicas, Direito, Pedagogia).
- O contexto socioambiental da Região Bragantina como ferramenta em
processos de educação ambiental em espaços formais e informais – a formação de
educadores e gestores (Cursos envolvidos: Pedagogia, Letras, Artes Visuais,
Psicologia, Gestão Financeira).
- Mídia e questões ambientais: como diferentes ferramentas de comunicação
podem colaborar para a reflexão sobre a problemática ambiental e verificar como
são utilizadas e qual espaço na mídia regional é dedicado a esta questão (Cursos
envolvidos: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Marketing,
Letras, Análises de Sistema).
- Discurso ambiental: análises realizadas em diferentes mídias acerca dos
textos e discursos que envolvem a questão ambiental. (Cursos envolvidos:
Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Marketing, Letras,
Administração).
- Comportamento do consumidor e comunicação de valores institucionais
sustentáveis: podendo envolver quaisquer setores dos negócios da região.
(Cursos envolvidos: Jornalismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda, Relações
Públicas, RH, Marketing, Letras, Administração).
- Educação ambiental: Produção de material didático de consciência sobre
o meio ambiente local. (Cursos envolvidos: Jornalismo, Publicidade e
Propaganda, Relações Públicas, Marketing, Letras, Pedagogia).
- Quaisquer outros temas que
tenham como eixo a questão ambiental/sutentável.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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